A eficácia da cirurgia conservadora após a quimioterapia neoadjuvante em tumores

Introdução: A eficácia da cirurgia conservadora após a quimioterapia neoadjuvante em tumores localmente avançados ainda é questionável.

Resumo

Introdução: A eficácia da cirurgia conservadora após a quimioterapia neoadjuvante em tumores localmente

avançados ainda é questionável. Existe pequeno número de estudos incluindo essas pacientes com tempo

de seguimento curto para avaliação dos desfechos oncológicos.

Métodos: Realizado estudo coorte retrospectivo das pacientes com câncer de mama localmente avançado

(Estádio IIb a III) tratadas no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) entre 2008 e 2016. O

objetivo principal foi avaliar a eficácia oncológica da cirurgia conservadora após o tratamento neoadjuvante

em pacientes com câncer de mama localmente avançado. Os desfechos clínicos avaliados foram: sobrevida

livre de doença (SLD), sobrevida livre de recorrência local (SLRL) e sobrevida global (SG). A analise

estatística foi realizada através de análise descritivas, analises de associações utilizando o teste exato de

fisher e teste de Mann-Whitney. As analises de sobrevida foram realizadas utilizando Kaplan Meier e teste

log-Rank. O software utilizado foi o SPSS® versão 2.0. O nível de significância foi p≤ 5%.

Resultados: 530 pacientes foram incluídas. A idade média das pacientes foi 51,5 (23-95). O tempo de

seguimento médio foi 36,4 (0,16-80,2) meses. O tipo histológico mais frequente foi carcinoma ductal

invasivo em 88,8% (470).O estágio IIB foi observado em 26% (138) e o estágio III em 74% (392) das

pacientes. Destas 95,5% e 4,5% foram submetidas a tratamento com quimioterapia neoadjuvante e

hormonioterapia neoadjuvante, respectivamente. A cirurgia conservadora foi realizada em 24,5% (130)

pacientes e a mastectomia em 75,5% (400) das pacientes. Não houve diferenças na sobrevida livre de

recorrência local 59% (95%IC 58-61) versus 60%(95%IC 57-60); p=0,4; na sobrevida global 56,2 meses

(95%IC 52-60) versus 59,3 meses (95%IC 53-65); p=0,151, para mastectomias e cirurgias conservadoras

respectivamente. A sobrevida livre de doença foi menor no grupo submetido a mastectomia: 48,2 (95% IC

46-50) versus 54,1 (95% IC 50-57), p=0,024.

Conclusões: Na população estudada, não houve diferença na sobrevida global e sobrevida livre de

recorrência local entre as pacientes submetidas a cirurgia conservadora em relação a pacientes submetidas

a mastectomia pós tratamento neoadjuvante. Nesta população a sobrevida livre de doença foi maior no

grupo de pacientes mastectomizadas provavelmente em virtude de maior número de doenças avançadas e

tempo de seguimento maior nesse grupo. A indicação de cirurgia conservadora é segura e pode ser realizada

nas pacientes com desejo de cirurgia conservadora pós tratamento neoadjuvante em tumores localmente

avançados.