AVALIAÇÃO FENOTÍPICA DE TUMORES MALIGNOS DE MAMA DA UNIDADE ONCOLÓGICA DE ANÁPOLIS NO PERÍODO DE 2008-2015

SILVA, I. B. P. (CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ANÁPOLIS – UNIEVANGÉLICA), GUIMARÃES, R. (UNIDADE ONCOLÓGICA DE ANÁPOLIS – ACCG), CASTRO, E. J. B. M. (CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ANÁPOLIS – UNIEVANGÉLICA), ALVES, M. R. (CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ANÁPOLIS – UNIEVANGÉLI

UNIDADE ONCOLÓGICA DE ANÁPOLIS – ACCGVerificar o perfil imuno-histoquímico de carcinomas mamários em Anápolis-GO, dando ênfase à expressão de receptores hormonais (estrógenos e progesterona), receptor de fator de crescimento epidérmico HER-2 e índice de proliferação celular pelo KI67. Relacionar a idade das pacientes com câncer de mama com as características do perfil imuno-histoquímico. Relacionar o tipo de terapia utilizado pelas pacientes com câncer de mama com as características do perfil imuno-histoquímico. Trata-se de um estudo retrospectivo analítico e descritivo. Foi realizado uma avaliação um grupo populacional de base hospitalar, formado por prontuários de mulheres com diagnóstico de câncer de mama entre janeiro de 2008 e dezembro 2015, atendidas no centro de referência oncológica da cidade de Anápolis-GO, com laudo de imuno-histoquímica. O estudo foi realizado na Unidade Oncológica de Anápolis, vinculada à Associação do Combate ao Câncer em Goiás (ACCG). O total da população foi de 332 pacientes diagnosticadas com câncer de mama no período supracitado. Foram selecionadas, neste estudo, 317 mulheres que possuíam laudo de imuno-histoquímica. Os critérios de inclusão utilizados nessa pesquisa são: ser mulher; ter sido diagnosticada com câncer de mama no período de janeiro de 2008 a dezembro de 2015; e apresentar prontuário com laudo de imuno-histoquímica. Os critérios de exclusão da pesquisa são: diagnóstico de câncer de mama fora do período em questão; e/ou prontuários sem laudo de imuno-histoquímica. Os dados foram obtidos através do registro de câncer de base hospitalar do centro de referência em questão. Por meio de busca ativa de arquivos médicos, foram coletadas as informações das pacientes previamente identificadas. Os prontuários foram avaliados em uma sala da unidade de acesso permitido somente aos pesquisadores, durante todo o período de coleta de dados. Foram analisadas as seguintes variáveis: perfil imuno-histoquímico, idade, tipo de terapia. De acordo com informações do local onde foi realizada a pesquisa, a demarcação do perfil imuno-histoquímico dos tumores segue o mesmo padrão utilizado pelo Colégio Americano de Patologistas (CAP), pelo qual são avaliados os receptores hormonais (estrógenos e progesterona), superexpressão de HER-2 e índice de proliferação tumoral KI67, a partir de laudos emitidos no centro anatomo-patológico do município. Foi realizada uma estatística descritiva na forma de média, desvio padrão, moda, mediana, frequência simples e percentual. Procedeu-se ainda com um teste de Qui-quadrado, a fim de comparar as porcentagens através de uma tabulação cruzada. Também foi calculada a razão de chances de um grupo apresentar maior incidência para uma determinada variável em relação a outro grupo. Para tanto, foi utilizado o software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 21.0. O nível de significância adotado foi de 5% (p < 0,05). O presente estudo manifestou riscos de perda ou danificação de prontuários e revelação dos dados das pacientes. A fim de minimizar tais riscos, os prontuários foram manuseados cuidadosamente em uma sala com acesso restrito, permitido somente aos pesquisadores. Não houve discriminação na seleção dos prontuários nem a exposição dos indivíduos a eles relacionados. Com os conhecimentos adquiridos, foi feita uma estimativa do perfil das mulheres com câncer de mama da cidade de Anápolis e região. Tais informações tornam possível aos gestores municipais traçar estratégias que se adequem aos custos de tratamento e, indiretamente, a população poderá ser beneficiada a partir da otimização do serviço por meio de uma melhor alocação de recursos. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Unievangélica no dia 18 de agosto de 2016 e pelo CEP da ACCG no dia 06 de setembro de 2016. A idade das pacientes variou entre 27 e 89 anos, com uma média de 54,3 anos e uma predominância de acometimento da doença na faixa etária de 40 a 49 anos (27,1%). Dentre os 317 prontuários analisados, 208 (65,6%) pacientes apresentavam positividade para RE na análise imuno-histoquímica, 173 (54,6%) positividade para RP e 97 (30,5%) positividade para HER-2. Na análise do índice de proliferação celular pelo marcador KI67, 284 prontuários apresentavam tal informação, sendo o valor mínimo encontrado de 3% e o máximo de 95%. A média dos valores foi de 24,7%, a mediana de 20% e a moda de 10%, sendo o desvio padrão de 19,1. Destas pacientes, 119 (41,9%) apresentaram um índice proliferativo baixo (KI6714%). Ao relacionarmos os valores de KI67 com os receptores hormonais, encontra-se maior probabilidade da paciente apresentar um valor alto quando há negatividade para os receptores hormonais e maior probabilidade da paciente apresentar um valor baixo quando há positividade para os receptores hormonais. Verificamos uma maior frequência relativa do uso de hormonioterapia pelas pacientes com positividade para receptores hormonais, sendo que 82,6% receberam esse tipo de tratamento. A quimioterapia foi utilizada em 67,1% das pacientes com expressão positiva para receptores hormonais e em 78,3% das pacientes com expressão positiva do HER-2. A radioterapia foi aplicada em 58,4% das pacientes com positividade para receptores hormonais e em 56,5% das pacientes com HER-2 positivo. Nossos dados são compatíveis com os dados da literatura mundial, que estabelecem cerca de 60 a 70% de positividade para receptores hormonais. No que remete à positividade de HER-2 e aos valores médios do KI67, encontramos diferenças significativas ao se comparar com a literatura. A maioria das mulheres na pesquisa foram classificadas como luminal A, associado a um melhor prognóstico e um sobrevida prolongada. Encontramos relação significativa entre o perfil imuno-histoquímico e as variáveis idade e tipo de terapia utilizada, sendo o subtipo luminal A mais associado a pacientes idosas e ao uso de hormonioterapia e os subtipos triplo negativo e HER-2 relacionados a pacientes jovens e ao uso de quimioterapia. Não havia nenhum estudo publicado dando conta do perfil imuno-histoquímico das pacientes com câncer de mama em Anápolis e região. O conhecimento do perfil imuno-histoquímico das pacientes permite traçar estratégias tanto à prevenção secundária do câncer de mama, quanto à estimativa de custos relacionados ao tratamento da doença. Isso proporciona às autoridades de saúde melhores condições de planejamento na distribuição de recursos. Levando em conta as inferências na abordagem clínica e terapêutica do câncer de mama atualmente, mostra-se necessário o desenvolvimento de pesquisas que respaldem um melhor discernimento na seleção dos marcadores adequados a serem utilizados na imuno-histoquímica, assim como uma melhor compreensão a respeito da distribuição da doença nas mulheres brasileiras. Dessa forma, é possível melhorar o panorama do câncer de mama e favorecer o prognóstico das pacientes em nosso país.immunohistochemical markers